sexta-feira, 11 de março de 2011

Planejando um Texto - Números e Letras

Bom pessoal, hoje falaremos mais sobre o planejamento de um texto. Dessa vez, falaremos sobre planejamento com números e letras.

1. Numeração das ideias
Para indicar o valor e o peso de nossas ideias no futuro texto, precisamos de um código que nos auxilie na sua organização. Esse código deve favorecer a ideia de sequência e nos deixar clara, rapidamente, a amplitude da ideia.

1a. Números e letras
Existem convenções que facilitam a montagem do plano. Em geral usam-se números e/ou letras como códigos de auxílio na organização do roteiro. As formas de plano mais utilizadas são as chamadas forma francesa e forma americana.

• Forma francesa — Usa a marcação com números e letras.
• Forma americana — Usa a marcação com números e pontos.

2. Plano com números e letras
Nesta forma de plano, é importante o distanciamento da margem esquerda. Quanto mais próxima da margem, mais ampla é a ideia; quanto mais distante, mais específica. Vejamos:

I (Algarismo romano) — Indica a parte do ensaio. Para um ensaio pequeno, teremos:

I — indicando introdução;
II — indicando desenvolvimento;
III — indicando conclusão.


1 (Algarismo arábico) — Indica bloco de parágrafos ou subtítulo. Para um ensaio pequeno, como a introdução terá somente um parágrafo, o número não aparece. Só aparece no desenvolvimento, que tem mais de um parágrafo.

A (Letra maiúscula) — Indica ideia central do parágrafo. Em um ensaio pequeno, a letra A indicará a introdução, o primeiro parágrafo do desenvolvimento e a conclusão. Se o desenvolvimento tiver, suponhamos, quatro parágrafos, teremos A, B, C e D.

a (Letra minúscula) — Indica ideia ou dado do parágrafo. Se um parágrafo tiver sete ideias, por exemplo, usaremos a, b, c, d, e, f e g para indicar na sequência as ideias. Às vezes, porém, sentimos necessidade de desdobrar uma ideia indicada em letra minúscula. Isso pode acontecer quando queremos indicar dados mais específicos. Nesse caso podemos usar, para a ideia a desdobrada, a1, a2, a3... etc.


3. Um exemplo de como fica o plano
Vamos tomar como modelo hipotético um texto que tenha entre 30 e 40 linhas, um ensaio pequeno, com um parágrafo introdutório, três parágrafos no desenvolvimento e um conclusivo.
Ao aplicar o esquema do plano, ficaria assim:


INTRODUÇÃO
A — Ideia central da introdução
a — 1ª ideia do texto (mais ou menos correspondente à 1ª linha)
b — 2ª ideia do 1º parágrafo
c — 3ª ideia do 1º parágrafo



n — Última ideia do 1º parágrafo

DESENVOLVIMENTO
1 — Ideia-síntese do desenvolvimento (ideia-síntese dos três próximos parágrafos)
A — Ideia central do 1º parágrafo do desenvolvimento
a — 1ª ideia do 1º parágrafo do desenvolvimento (2º parágrafo do texto)
b — 2ª ideia do 1º parágrafo do desenvolvimento (2º parágrafo do texto)



n — Última ideia do mesmo parágrafo
B — Ideia central do 2º parágrafo do desenvolvimento (3º parágrafo do texto)
a — 1ª ideia do 2º parágrafo do desenvolvimento (3º parágrafo do texto)
C — Ideia central do 3º parágrafo do desenvolvimento...

CONCLUSÃO
A — Ideia central da conclusão
a — 1ª ideia do parágrafo final
b — 2ª ideia do parágrafo final



n — Última ideia do texto (mais ou menos correspondente à última linha do ensaio)


Para lembrar:
Como a introdução e a conclusão têm apenas um parágrafo, não faz sentido usar algarismo arábico (indicador de ideia-síntese de vários parágrafos), porque essa ideia coincide com A (que é o indicador da ideia central dos parágrafos introdutório e final). Por isso alinha-se na mesma altura do A do desenvolvimento.

Percebemos que há um distanciamento progressivo da margem de I até a (do algarismo romano até a letra maiúscula). Essa disposição é importante porque nos ajuda a visualizar a função das ideias. Preste atenção também na posição dos itens no sentido vertical.

3a. Os números
O item em algarismo arábico indica apenas a consciência da estrutura (ideia central do desenvolvimento). O que se escreve nesse item só aparecerá redigido no ensaio se houver subtítulo, o que não é o caso de um ensaio pequeno. O mesmo ocorre com o que se escreve depois das letras minúsculas (idéia central dos parágrafos). Se houver intenção de redigir essas ideias no ensaio, elas devem ser repetidas nas letras minúsculas.

4. O que se escreve no ensaio
O que realmente aparece no texto são as ideias indicadas com letras minúsculas. E se cada item em letra minúscula corresponde a aproximadamente uma linha do ensaio, isso significa que podemos planejá-lo linha por linha.

5. A linguagem do plano
A linguagem do plano — que deve ser resumida, quase telegráfica — não interfere na linguagem do texto necessariamente. No plano, podemos até mesmo usar palavras abreviadas, já que sua utilização é pessoal. No texto não se deve abreviar, a não ser abreviaturas consagradas, como "séc. XX", "S/A" etc.

6. Problemas com o plano
O problema com esse modelo de plano é que acaba sobrando muito espaço em branco à esquerda do papel. No planejamento de um texto curto não há muito problema. Mas, em um texto longo, a compreensão pode ficar prejudicada. Por economizar mais espaço, e ser de fácil diagramação, costuma-se utilizar mais a forma de plano com números e pontos.

7. Outra forma de plano
O plano tem uma utilização pessoal. Em alguns casos é necessário apresentá-lo a um leitor, mas de um modo geral ele serve apenas para o autor organizar suas ideias e prever seu texto. Quando cumpre essa função, o autor pode dar-lhe a forma que quiser, desde que se entenda com suas ideias. Seja como for, o plano dificilmente fugirá dos princípios apresentados nos modelos mais usados, que se fixaram exatamente porque são eficientes. É o que acontece com o plano de números e pontos.

Para fixar melhor o significado:
1. Introdução;
2. Desenvolvimento;
3. Conclusão;
2.1. Indica bloco de parágrafos do desenvolvimento;
2.1.1. Indica ideia central do 1º parágrafo do desenvolvimento;
2.1.1.1. Indica 1ª ideia do 1º parágrafo do desenvolvimento.

8. Como numerar
No caso da introdução de apenas um parágrafo, não há indicação para o segundo algarismo (ideia-síntese de vários parágrafos). A notação seria assim:

1. Introdução
1.0.1. Ideia central do parágrafo introdutório
1.0.1.1. 1ª ideia
1.0.1.2. 2ª ideia
até
1.0.1.n. Última ideia desse parágrafo


O mesmo vale para a conclusão. Se tem apenas um parágrafo, usaremos 0 no lugar do número que indicaria idéia-síntese de vários parágrafos. Por exemplo, a notação da quarta ideia do parágrafo conclusivo seria assim: 3.0.1.4.

O 3. indica que é conclusão; 0. indica que há apenas um parágrafo; 1. indica o parágrafo; e 4. indica a quarta ideia.


Parece uma tarefa complicada, mas não é. Entendido o princípio, é preciso 
utilizar essa forma de plano para perceber melhor sua utilidade. Como quase tudo 
em redação, só a prática é que vai mostrando que aquilo que parece difícil na verdade não o é.


9. Outras formas de plano
As formas de plano são praticamente infinitas. Nada impede que cada autor crie a sua, já que é de utilização pessoal. É até comum vermos planos com números, letras e pontos.


Mas quando precisamos apresentar o plano para alguém, é melhor seguir 
uma das numerações consagradas para facilitar o entendimento do leitor.


Isso acontece, por exemplo, em colégios e faculdades, quando professores querem acompanhar o trabalho do aluno e saber o que ele anda pensando sobre o texto que será escrito.

10. E se o plano não dá certo?
Quando não há muita prática de planejar o texto, pode acontecer que, na hora de redigir, o plano não funcione muito bem. Por exemplo, uma ideia não se encaixa no texto ou fica melhor no parágrafo seguinte. Nesse caso, não tenha dúvida, mude o plano.


Plano é para isso mesmo, serve como um referencial de nossa redação. 
Com certeza da próxima vez o plano chegará mais perto do texto final.


11. Semiplano
De início, os planos devem ser minuciosos, prevendo tudo, linha por linha do ensaio. Com o tempo, conforme a experiência, pode-se abrir mão de tanta minúcia, prevendo apenas ideias centrais dos parágrafos, por exemplo. Com mais experiência ainda, quando já se redigem ensaios longos, é possível planejar somente subtítulos.

O plano pode ser mais ou menos resumido, mas ele tem de ser feito.

A opção por um plano simplificado se conquista com o esforço de conhecer bem como organizamos nossas ideias, o que se consegue com mais facilidade se aprendermos a planejar bem.

Bom pessoal, espero que tenhamos ajudado. Se tiver qualquer dúvida ou sugestão, fale conosco clicando aqui.

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