segunda-feira, 21 de março de 2011

4 Passos para crescer dentro da empresa


Apesar de muitas empresas estabelecerem políticas de desenvolvimento de carreira para seus funcionários, é cada vez mais necessário que o profissional seja o verdadeiro responsável por seu crescimento dentro da companhia – e quem não faz isso pode ficar em grande desvantagem. “O colaborador precisa estar antenado com a realidade da moderna prática de gestão empresarial, na qual fica transferida aos empregados a gestão de seu próprio plano de carreira, ou seja, se ele não estiver atento nem buscar seu próprio desenvolvimento nas organizações, acabará à margem desse processo, pois outros o farão na sua frente”, afirma Fernando Montero da Costa, diretor de operações da Human Brasil especializada em recrutamento e seleção de pessoas.

Esse especialista ressalta quais são as desvantagens de um profissional não visar ao crescimento dentro da empresa em que trabalha, confira:

  • Deixar de contar com um maior compromisso da companhia em seu favor.
  • Ter menos motivação e segurança no emprego.
  • Obter uma remuneração total mais baixa a médio prazo.
  • Possuir menor nível de informação e comunicação.
  • Ter pouca clareza no que tange aos objetivos de seu trabalho.

Se você quer evitar essas desvantagens, comece agora mesmo a pensar em seu crescimento dentro da empresa. No entanto, não basta querer, é preciso demonstrar sua vontade por meio de atitudes e ações comportamentais. Mas de que maneira fazer isso? Como são várias as dúvidas, realizamos uma pesquisa na e-zine Motivação para saber quais são os maiores questionamentos dos profissionais que desejam crescer na companhia em que trabalham. Após receber muitas respostas de nossos leitores, podemos dizer que, geralmente, as quatro principais são:

  1. Como avaliar se há condições de crescimento dentro da organização?
  2. De que forma comunicar o desejo de crescer?
  3. O que fazer efetivamente para aumentar as chances de crescimento?
  4. Quanto tempo esperar para crescer?

Para ajudar a solucionar essas questões, além de outras que derivam das acima citadas, conversamos com alguns especialistas. Eles trazem diversas respostas que servirão para sua caminhada rumo ao crescimento profissional dentro da empresa.

Como avaliar se há condições para crescer dentro de uma organização?

Primeiramente, é fundamental pensar em todas as possibilidades de crescimento que podem existir nela. Na opinião de Margareth Bianchini, professora da pós-graduação oferecida pela Faculdade Educacional da Lapa (FAEL) e Instituto Chiavenato, viabilizada pelo Sistema Eadcon, o profissional pode analisar as seguintes possibilidades:

  • Dentro da empresa e da ocupação – Olhe ao redor e verifique se em sua atual função é possível atingir níveis hierárquicos mais altos ou crescer de forma horizontal, isto é, não há possibilidade de chegar ao nível gerencial, mas você pode conquistar melhorias e desafios continuamente nesse mesmo cargo. Responda a si mesmo, com sinceridade, se uma dessas hipóteses lhe deixa feliz.
  • Dentro da companhia e fora da ocupação – Muitas pessoas almejam crescer na organização, mas não necessariamente na atual função que desempenham. Nesse caso, é importante analisar as oportunidades que a empresa oferece dentro da ocupação desejada.

Margareth lembra também que é possível pensar em crescimento fora da empresa e dentro da ocupação ou fora dela e da ocupação. Ela ressalta as vantagens e as desvantagens de refletir sobre o crescimento fora ou dentro da atual organização: “Como vantagem, coloco a segurança de já conhecer os processos/pessoas. Várias empresas que têm programas de recolocação interna oferecem essa oportunidade aos colaboradores. Já outras não valorizam os funcionários e preferem buscar um profissional no mercado. Agora, se para você fazer carreira na organização é necessário que seu chefe morra, mude de empresa o mais rápido possível. E, para saber isso, é importante conhecer a cultura organizacional de onde você trabalha”.

Essas informações nem sempre estão claras na maioria das companhias. É mais fácil percebê-las nas que já possuem plano de carreira formatado. Nas que não têm, como citou Margareth, faz-se necessário conhecer a cultura organizacional, prestando atenção nas promoções, oportunidades e decisões da empresa. Fernando sugere que o profissional analise se a organização:

  • Proporciona segurança.
  • Contrata e seleciona pessoas com rigorosidade.
  • Descentraliza suas decisões.
  • Tem amplo programa de formação profissional.
  • É um lugar onde existem pequenas diferenças entre categorias profissionais.
  • Compartilha informações.
  • Possui uma remuneração baseada em benefícios, resultados, objetivos ou indicadores estratégicos.

Segundo Fernando, essas práticas descritas condizem com uma gestão de alta performance e podem garantir “êxito sustentável” ao longo do tempo à empresa e, consequentemente, ao funcionário. Para o especialista Gilberto Guimarães, professor do Ibmec São Paulo, consultor da Fundação Getulio Vargas (FGV), palestrante e diretor da multinacional francesa BPI Groupe no Brasil (consultoria em RH e reorientação profissional especializada), essa questão se resume em uma única pergunta: você sente prazer em trabalhar nessa companhia? “Fazer sucesso significa realizar o que mais se gosta na vida e ser pago por isso. Caso a empresa em que a pessoa esteja permita isso, ótimo, se não, ela deve mudar”.

Como comunicar o desejo de crescer?

De acordo com Margareth, uma das primeiras coisas que o profissional precisa fazer quando decide planejar seu crescimento dentro da empresa é conversar com seu chefe: “Fale com seu superior para colocá-lo a par de suas intenções e explicar que deseja novos desafios. Essa atitude evitará que você fique com a imagem de traidor, ou a famosa frase ‘passou por cima de mim’, muito comum nas companhias”. Além disso, Gilberto lembra que ninguém chega ao sucesso sozinho: “A melhor forma de conquistá-lo é associar-se a um líder que faz sucesso, pois se ele cresce, você também vai junto. Então, tenha um chefe fantástico”.

Fernando explica que, ao comunicar seu desejo de crescimento ao superior imediato, você poderá contar com o chamado “patrocinador” interno de sua carreira profissional dentro da empresa. “Esse tem sido um dos papéis essenciais dos líderes. Para eles, saber quem deseja se tornar um profissional de alta performance dentro da organização é um diferencial. Os colaboradores que tomam essa iniciativa e expressam de forma direta a seu superior que têm real interesse nisso podem contribuir para a aceleração de seu próprio processo de desenvolvimento dentro da companhia”, explica. Afinal, ao conversar com o chefe, pode se tornar mais claro se é possível crescer ou não e, até mesmo, traçar um plano de evolução profissional.

Agora, qual é a melhor hora para fazer isso? Segundo Bernt Entschev, que trabalha na área de Executive Search há mais de 20 anos, é presidente da De Bernt Entschev Human Capital e já foi eleito o quarto melhor head-hunter do Brasil pelo Canal RH, a hora e a forma ideal de falar dependerão do momento da empresa e do perfil de seu chefe: “Não há uma regra. Pode ser em um café, reunião ou almoço, o fundamental é que seja a sós”. Além dessas ocasiões, Fernando sugere as reuniões de trabalho para apresentação de resultados e recebimento de feedback de sua chefia, além dos períodos em que se realizam as avaliações anuais de desempenho. “Nesses encontros, é importante deixar claro e reforçar o real interesse que se tem em crescer na própria empresa”. No entanto, não basta comunicar ao chefe o desejo de crescimento, é essencial traduzir isso em seu comportamento diário, ou seja, em ações que mostrem o que você realmente quer.

O que fazer efetivamente para aumentar as chances de crescimento?

Quando você ainda estiver falando com seu chefe sobre o desejo de crescer, procure obter algumas informações, como: qual é a visão dele sobre seu desempenho, o que ele considera como pontos fortes e fracos em você e quais são as competências que precisa desenvolver ou adquirir para aumentar suas chances de crescimento na função que almeja. Com essas informações será mais fácil responder uma pergunta que, segundo Fernando, é fundamental para qualquer um que deseja crescer: “Meu desempenho profissional é realmente eficaz?”. Caso sua análise seja negativa, você já tem com as respostas do chefe – alguns pontos de partida para planejar o que fazer a fim de melhorar seu desempenho – tendo em vista o crescimento.

Além de se capacitar para melhorar sua performance, existem outros fatores que podem aumentar suas chances de crescimento dentro da empresa. Margareth destaca algumas questões básicas do bom comportamento que podem fazer toda a diferença para um profissional. “Vestir-se adequadamente, falar baixo, não dar gargalhadas para a companhia inteira ouvir, não utilizar produtos e serviços da empresa para uso pessoal (impressões, ligações, e-mails particulares), portar-se de forma elegante com as ferramentas de comunicação (e-mail, por exemplo), evitar passar “correntes”, ligar vídeos com som muito alto, colocar o celular no vibra call a fim de que o barulho das chamadas não atrapalhe ninguém, etc. são boas maneiras importantíssimas. O profissional precisa ter consciência de que não deve fazer a ninguém o que ele não quer que façam para ele”.

Essa questão comportamental é tão importante que algumas empresas deixam bem claro para seus funcionários que conhecimento técnico não é suficiente para crescer dentro da instituição. Na Apolar, imobiliária paranaense, é fundamental exercer os valores da companhia, por exemplo: gastar menos do que se ganha, ser fiel à família e empresa, respeitar o ser humano e ter sinergia (integração + energia). “Acreditamos que o conhecimento técnico não é o único fator para crescer na Apolar. Ele é necessário, mas a pessoa também precisa ter objetivos claros e praticar os valores defendidos pela empresa”, comenta Jean Michel Patrick Tumeo Galiano, superintendente da imobiliária.

Margareth também sugere dicas para se relacionar adequadamente com os superiores. “Respeite o papel que seu chefe tem dentro da organização. Portanto, use sempre as ‘palavras mágicas’, como: ‘Por favor’, ‘Com licença’, ‘Obrigado(a)’, entre outras, informe com certa antecedência aonde vai, por que sairá mais cedo ou chegará mais tarde e, por último, mas não menos importante, tenha em mente que seu superior pode até ser seu amigo, mas na empresa a relação tem de ser profissional. Por isso, evite fofocas, brincadeiras e intimidades”. Fernando destaca de forma resumida outros pontos necessários para o profissional que deseja crescer dentro da companhia:

  • Geração de valor agregado aos resultados da empresa.
  • Demonstração de capacidade para liderar.
  • Promoção do trabalho em equipe.
  • Capacidade de desenvolver seu próprio talento profissional e de sua equipe.
  • Demonstração de aptidão na resolução de problemas complexos.
  • Espírito de inovação.
  • Tomada de riscos calculados.
  • Construção e manutenção de redes de relacionamentos duráveis.
  • Respeito e integridade.
  • Comunicação efetiva.

Gilberto destaca que todas essas questões são muito importantes e que, além delas, o profissional sempre tem de lembrar que é fundamental gerar resultados concretos. “O time pode fazer o maior esforço em campo, mas, se cair para a segunda divisão, ninguém será premiado. O esforço é essencial, porém é preciso ganhar o jogo.”

Quanto tempo esperar?

Suponhamos que você avaliou que possui chances de crescer na empresa em que trabalha, já conversou com seu chefe sobre isso e tem seguido todas as dicas sugeridas pelos especialistas. No entanto, até agora nada. Será que é possível falar em prazo, ou seja, quanto tempo um funcionário precisa esperar para que a companhia faça algo efetivo em prol de seu crescimento? De acordo com Bernt, o tempo varia de cargo e empresa, podendo demorar meses ou anos. “Não dá para especificar, porém acredito ser fundamental que o indivíduo perceba sinalizações de que a organização deseja investir em seu crescimento, como: incentivo a participação de comitês, grupos de trabalho, cursos, responsabilidades fora da função, entre outros.”

Gilberto volta a um ponto importante: proporcionar resultados para a empresa. “Se ele fez isso e a organização não lhe deu retorno, algo está errado. Mas se o colaborador não gerou resultado ou o resultado gerado não for perceptível para a companhia, ele não tem do que reclamar”. Talvez, seja necessário conversar com seu chefe para verificar se você apresentou o resultado esperado e se há alguma previsão para seu próximo passo dentro da empresa, porém você somente saberá se estiver disposto a continuar esperando. “A carreira é um processo pessoal, ou seja, cada um saberá quanto tempo estará decidido a aguardar para receber novos desafios”, avisa Margareth.

(Por Karen Jardzwski)

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